terça-feira, 20 de março de 2018

Amizade depois da separação


Mesmo que a separação seja inevitável é possível conduzir o processo de forma a manter o respeito e a consideração que facilitará todos os encontros do futuro:
                                         imagem: pixabay

Quando um casal que tem filhos se separa, é provável que venham a se encontrar a muitas vezes, seja em uma situação de doenças dos filhos, seja no aniversário, na formatura ou no casamento dos filhos e por aí vai os motivos em que o encontro será necessário.

O advogado que atua na área de família deve ter em mente que, nesta área de atuação, apesar dos temas em litígio, as relações amistosas devem sobreviver às   mudanças    pelas    quais passam o casal e os filhos no momento do conflito.

Deve entender que a dor é sempre inevitável nos conflitos de família, porém a forma como se conduzem as partes e os profissionais no caso, poderão minimizar ou maximizar os prejuízos emocionais.

A família em conflito está muitas vezes submersa em relações nas quais surgem estes conflitos os quais parecem insolúveis para os envolvidos, porém o advogado pode propor saídas que facilitarão a solução destes conflitos.

Por estes motivos, é necessário pensar na superação da crise com menores prejuízos, danos e dores emocionais.

Também é necessário superar o paradigma de que uma parte deve ser perdedora e outra vencedora.

Neste sentido a poesia de Verônica A. da Motta Cezar a seguir, busca demonstrar a importância da preservação de alguns laços, mesmo depois que algum rompimento se torna necessário:



É possível que eu já não te queira mais,

Como você a mim. Não é o que importa.

Dá dor e dói, mas a dor se suporta,

Nem que seja preciso analgisar

È possível que apenas um de nós

Não queira ao outro e isso ainda é mais triste,

Deixando num dos dois a frustração,

No outro, um fogo fátuo de alívio,

Pelo desmoronar do duplo sonho.

O que não é possível é que nos acusemos,

Que nos apontemos, dedo em riste,

Que nos fulminemos com o olhar,

Esquecendo tudo o que de bom já houve.

O que não é possível é que nos destruamos,

A nós, que, em outros tempos, nos amamos,

E cada qual, a si, p'ra ver o outro morto,

Desmerecendo os braços que, um dia, foram um porto,

Jogando pelo ar tudo que construímos.

E construímos mais que sonhos, nessa estrada,

Transportamos amor por esses trilhos,

Deixamos marcas, por onde passamos,

E a mais viva delas são os nossos filhos.

Que continuarão nossos, vida toda,

Precisando de nós, em cada idade,

Como seu norte e bússola, rumo à felicidade,

Sua rosa dos ventos, o seu cais.

Seremos pai e mãe por todo o sempre,

Mesmo entrando p'ro rol dos ex-casais.

Isso nada nos tirará, nem mesmo a morte,

Relação eterna e sem corte,

Que a nossos filhos só beneficiará.

Se fomos meio de procriação,

Que na criação sejamos timoneiros,

Guiando com firmeza, a quatro mãos,

O barco da vida de nossos herdeiros.

E até que, sós, o possam conduzir,

E, para sempre, em evento, idade ou estado,

Possamos nós, ainda que ex-casal,

Enquanto pais, andarmos, lado a lado.

(MOTTA, 2007)

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