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A cobrança social nos priva de muitas coisas e nos obriga a outras tantas que na verdade não nos interessam, apenas cedemos à pressão dos outros.
Passamos longos anos da nossa vida movidos pelo impulso do comando social.
Há sempre um status determinado socialmente para ser alcançado, seja na forma física; na condição financeira; no desenvolvimento espiritual; na carreira profissional.
Mas há um momento em que alguns despertam para a liberdade e o desapego às exigências sociais e conseguem viver com mais leveza.
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Infelizmente, para muitos só acontece quando estão idosos e já perderam grande parte de sua vitalidade.
Para que nos libertemos da pressão social, entre outras coisas, é necessário e livrar do condicionamento imposto pela opinião dos outros. Não é tarefa fácil, pois os sistemas sociais são organizados de forma a avaliar e escolher “os melhores” e a maioria de nós precisa do status que algum sistema possa nos conferir.
Assim, nos inserimos em um sistema e muitas vezes abrimos mão de sentimentos preciosos do nosso ser mais íntimo e nos rendemos à imposição do grupo.
Penso que tudo isso é muito próprio do ser humano. Porém, ao mesmo tempo em que a busca pelo status social nos impulsiona a conquistar algo, ela nos condiciona e não nos permite ver que esta busca se transforma no nosso ideal de vida e muitas vezes fazemos esta busca de maneira a comprometer nossa saúde física, mental e emocional.
Para conquistar o status exigido socialmente, saímos do nosso espaço e adentramos no espaço que muitas vezes nos viola o direito de sermos autênticos, pois a autenticidade, muitas vezes não é respeitada no meio social mais amplo.
Até nosso vigor físico fica comprometido, pois se nossa escolha é pelo status intelectual, as muitas horas de estudo exigidas na maioria das vezes, nos privam de um boa e necessária exposição aos raios solares ou do tempo necessários ao exercício físico, fatos estes que nos trarão sérios prejuízos a saúde.
Hoje, chegando perto dos cinquenta, já fui criança; já fui jovem; já gerei filhos e já os ajudei e ainda ajudo no crescimento e desenvolvimento. Tenho convivência quase diária com meus pais idosos (93 e 78 anos) e vejo claramente que esse encadeamento de fatos vai nos levando a manter só o que é essencial e, essencial é muito pouco diante de tudo que nos preocupa.
Meus pais, se tinham muitas vaidades, sobraram muito poucas: o vigor físico se foi e a dependência de ajuda dos filhos para muitas atividades chegou. O corpo se tornou limitado como naturalmente acontece com todos os que envelhecem. Meu pai e minha mãe sempre gostaram de plantar, os dois sempre tiveram uma horta muito bem cuidada com muitas verduras e legumes; milho verde na estação própria; feijão crioulo; árvores frutíferas e sempre um bonito jardim. Meu pai ainda consegue plantar algumas coisas. Este ano que passou ele ainda plantou um pequeno mandiocal e um milharal do qual fizemos algumas pamonhas. Já minha mãe passa por dias de muito poucas atividades, pois fraturou a coluna e pouco consegue caminhar.
Meus pais foram sempre bastante religiosos, mas se isso algum dia lhes foi motivo de vaidade, até aí sobrou somente o essencial: a fala direta com Deus, sem intermediações; sem julgamentos externos, pois praticamente eles nem conseguem ir na igreja e os irmãos de caminhada que nutrem amor puro por eles e desejam ir vê-los na casa deles, de vez em quando aparecem para lhes fazer um agrado.
Visualizando todas estas vivências concluo que é aos poucos vamos aprendendo a sermos coerentes com nossas condições e assim vivermos com menos vaidades e ansiedades.
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