terça-feira, 20 de março de 2018

Exigências sociais e liberdade

Exigências sociais e liberdade

                                                                                     imagem: pixabay

A cobrança social nos priva de muitas coisas e nos obriga a outras tantas que na verdade não nos interessam, apenas cedemos à pressão dos outros. 

Passamos longos anos da nossa vida movidos pelo impulso do comando social. 

Há sempre um status determinado socialmente para ser alcançado, seja na forma física; na condição financeira; no desenvolvimento espiritual; na carreira profissional. 

Mas há um momento em que alguns despertam para a liberdade e o desapego às exigências sociais e conseguem viver com mais leveza. 
                                                                                     imagem: pixabay


Infelizmente, para muitos só acontece quando estão idosos e já perderam grande parte de sua vitalidade. 

Para que nos libertemos da pressão social, entre outras coisas, é necessário e livrar do condicionamento imposto pela opinião dos outros. Não é tarefa fácil, pois os sistemas sociais são organizados de forma a avaliar e escolher “os melhores” e a maioria de nós precisa do status que algum sistema possa nos conferir. 

Assim, nos inserimos em um sistema e muitas vezes abrimos mão de sentimentos preciosos do nosso ser mais íntimo e nos rendemos à imposição do grupo. 

Penso que tudo isso é muito próprio do ser humano. Porém, ao mesmo tempo em que a busca pelo status social nos impulsiona a conquistar algo, ela nos condiciona e não nos   permite ver   que esta busca se transforma no nosso ideal de vida e muitas    vezes    fazemos    esta busca    de maneira a comprometer nossa saúde física, mental e emocional. 

Para conquistar o status exigido socialmente, saímos do nosso espaço e adentramos no espaço que muitas vezes nos viola o direito de sermos autênticos, pois a autenticidade, muitas vezes não é respeitada no meio social mais amplo. 

Até nosso vigor físico fica comprometido, pois se nossa escolha é pelo status intelectual, as muitas horas de estudo exigidas na maioria das vezes, nos privam de um boa e necessária exposição aos raios solares ou do tempo necessários ao exercício físico, fatos estes que nos trarão sérios prejuízos a saúde. 

Hoje, chegando perto dos cinquenta, já fui criança; já fui jovem; já gerei filhos e já os ajudei e ainda ajudo no crescimento e desenvolvimento. Tenho convivência quase diária com meus pais idosos (93 e 78 anos) e vejo claramente que esse encadeamento de fatos vai nos levando a manter só o que é essencial e, essencial é muito pouco diante de tudo que nos preocupa. 

Meus pais, se tinham muitas vaidades, sobraram muito poucas: o vigor físico se foi e a dependência de ajuda dos filhos para muitas atividades chegou. O corpo se tornou limitado como naturalmente acontece com todos os que envelhecem. Meu pai e minha mãe sempre gostaram de plantar, os dois sempre tiveram uma horta muito bem cuidada com muitas verduras e legumes; milho verde na estação própria; feijão crioulo; árvores frutíferas e sempre um bonito jardim. Meu pai ainda consegue plantar algumas coisas. Este ano que passou ele ainda plantou um pequeno mandiocal e um milharal do qual fizemos algumas pamonhas. Já minha mãe passa por dias de muito poucas atividades, pois fraturou a coluna e pouco consegue caminhar. 

Meus pais foram sempre bastante religiosos, mas se isso algum dia lhes foi motivo de vaidade, até aí sobrou somente o essencial: a fala direta com Deus, sem intermediações; sem julgamentos externos, pois praticamente eles nem conseguem ir na igreja e os irmãos de caminhada que nutrem amor puro por eles e desejam ir vê-los na casa deles, de vez em quando aparecem para lhes fazer um agrado. 

Visualizando todas estas vivências concluo que é aos poucos vamos aprendendo a sermos coerentes com nossas condições e assim vivermos com menos vaidades e ansiedades. 

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