Do livro “A CIRANDA DAS
MULHERES SÁBIAS – SER JOVEM ENQUANTO VELHA, VELHA ENQUANTO JOVEM”
Da escritora Clarissa Pinkola
Estés:
Prezadas mulheres
Estamos no mês em que se comemora o dia da mulher. Neste mês, apresentarei a vocês alguns
trechos selecionados do livro “A ciranda das mulheres sábias - ser jovem
enquanto velha, velha enquanto jovem”.
A cada dia irei publicar parte do que achei
de mais bonito no livro, para poder compartilhar aos poucos o que entendo que
seja um tesouro para nós mulheres.
Ofereço as palavras como quem oferece flores:
O livro "A ciranda das mulheres sábias - ser jovem enquanto velha, velha enquanto jovem" foi escrito por uma
psicanalista.
A autora nos convida suavemente a reconhecermos que antes de nós, muitas
mulheres tiveram tanta coisa para ensinar e que nós, quer sejamos velhas ou jovens, algumas vezes aprendemos, em
outras vezes ensinamos.
Quando a autora fala de
mulheres velhas ou jovens, ela não está se referindo a idade cronológica e sim
às experiências que cada mulher já viveu a fim de lhe trazer sabedoria.
Portanto uma idosa pode ser jovem em diversos aspectos e uma jovem pode ser
velha em diversos aspectos.
Escolhi compartilhar com
vocês partes do livro porque ele fala das trocas que as mulheres fazem ao longo
da vida e eu acho que essa troca é algo muito importante e muito especial na vida de uma mulher.
Nestas trocas com as outras mulheres, cada uma de nós vai se tornando
mais sábia e portanto mais feliz. A medida que vivemos mais plenamente, outras criaturas também vão sendo contagiadas por esta plenitude.
Vamos a leitura?:
Ah minha criatura
admirável...
Seja bem-vinda...
Entre, entre... Estou
esperando por você...
Venha, sente-se comigo um
pouco.
Talvez você tenha vindo à
minha porta por estar interessada em viver de um modo que a abençoe com a
perspectiva de, como eu digo, "ser jovem enquanto velha e velha enquanto
jovem"
Por isso vamos, por enquanto,
permitir apenas que o pensamento tranquilo nos abençoe por um tempo antes que
voltemos a falar sobre o velho realejo do mundo...
Preparei a lareira perfeita
para nós. O fogo vai durar a noite inteira — suficiente para todas as nossas
"histórias dentro de histórias".
Venha, experimente essa
poltrona. Acho que é perfeita para o seu corpo querido.
Pronto. Agora, respire bem
fundo... deixe os ombros caírem até o ponto que lhes seja natural.
Pronto, vamos fazer uma
pausa, deixando de lado todos os nossos "inúmeros afazeres". Haverá
tempo suficiente para todos eles mais tarde...
Vamos usar a louça bonita...
Vamos beber o que estávamos
reservando para "uma ocasião especial". Sem dúvida, "uma ocasião
especial" é qualquer ocasião à qual a alma esteja presente.
Por isso vamos nos sentar um
pouco, comadre, só nós duas.
Aqui, neste refúgio afastado,
permite-se... e espera-se que a alma diga o que pensa.
...
Uma das minhas avós,
Viktoriá, tinha um cachorrinho com um defeito de oclusão que parecia a
miniatura de um terrível cérebro, mas que era um doce de criatura.
Minha avó também tinha um
gatinho preto que costumava atacar os rosários que ela mantinha pendurados em
todas as maçanetas das portas na casa inteira... “caso eu precise rezar por
alguém com muita pressa".
Ela conversava com o cachorro
e o gato como se fossem gente...
"Os animais têm alma,
você sabia?", ela costumava dizer.
Quando o cachorro de repente
dava um salto com grande energia para acompanhar um novo cheiro no ar, o gato
também começava de repente a correr pelo aposento.
Da mesma forma, quando o gato
saltava do alto do velho rádio de celulóide para o encosto da poltrona de vovó,
com seus paninhos de crochê, e não parava de saltar de um lado para o outro, o
cachorro percebia e começava a pular, todo sorridente.
Quando isso acontecia,
era inevitável que minha avó dissesse que precisávamos nos unir a eles.
Ela
agarrava minhas mãozinhas, e nós saíamos pulando e saltitando, no mesmo ritmo
da dança do gato e do cachorro, já em andamento.
Ela dizia: "Quando uma
pessoa vive de verdade, todos os outros também vivem."
E todos os animais, nós
incluídas, por meros momentos, voltávamos a ser selvagens.
Ela queria dizer que, quando
uma criatura resolve se dedicar a viver do modo mais pleno possível, muitas
outras que estiverem por perto se "deixarão contagiar".
Apesar das barreiras, do confinamento, até mesmo de lesões, se alguém se determinar a superar tudo para viver plenamente, a partir daí outros também o farão, e esses outros incluem filhos, companheiros, amigos, colegas de trabalho, desconhecidos, animais e flores.
"Quando uma pessoa vive
de verdade, todos os outros também vivem."
Esse é o principal
imperativo da mulher sábia:
Viver para que outros também se inspirem.
Viver
do nosso próprio jeito vibrante para que outros aprendam conosco.
...
(continua no próximo post )
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